"Ei, Nazareno..."
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edunazar disse... Bem lembrado, Gabriel!!Essa não me sai da memória nunca.
Belo dia de sol, a mamãe determina que eu e a Nen comprássemos açaí lá na rua Conceição passando um pouco da 14 de março. Era uma aventura prá mim pois não tínhamos piscina e qualquer fio de água mais próximo duma já me animava. A Conceição passava por uma obra de saneamento prá depois ser asfaltada e tava só buraco. Passamos sobre uma estiva mais fina que as ripas cheias de estrepes do comentário do Artur, que estavam estendidas sobre a vala da 14, quase encostando na água. Naquele tempo eu não tinha medo de morrer afogado nem nojo da água da vala que prá mim parecia mais um riozão. Caminho à frente, vimos um buracões com água e tubos de concreto armado que sumiam aos dentro da água cor de barro e acho que já fomos maquinando o que a gente ia inventar. Na volta estávamos com a chaleira de alumínio brilhante e de tampa azul estampada com flores que a Cica deu prá mamãe, cheia de açaí. A Nen foi na frente, acho que prá me proteger e entrou no buraco cheio d'água e tchááááá, tcháááá. Lá pelo décimo passo mais ou menos a bichinha sumiu dentro do buraco. A única coisa que vi foi a água ficar preta de açaí, a tampa da chaleira voltar prá cima e nada da Nen subir. Foram os segundos mais tensos da minha vida pois a brincadeira acabou, o açaí foi pro ralo e o dinheiro também e a Nen tava toda molhada, ou seja: só pensava na mamãe brava na porta. Foi quando o povo todo da Conceição correu na nossa direção e sempre solidário cada um ajudou como pôde. Uns enxugaram a irmã de vocês, as outras enxugavam as minhas lágrimas e por fim juntaram dinheiro e nos deram prá que chegássemos em casa e só disséssemos que não tinha mais açaí. Hoje morro de rir disso, mas a Nen poderia não estar aqui hoje prá rir dessa história também. Dá-lhe André!!!
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