segunda-feira, 23 de agosto de 2010

NIVER GUILHERME

Não teve festa! Só um bolinho. Apreciem.
Faltou um dedo pra completar "46".

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Orações

Essa vela aqui, é a mesma que eu coloquei quando o nosso sobrinho Rodrigo passou por maus momentos, mas superou.
Agora eu a acendo pela minha cunhada, a Regina, que vai passar por uma cirurgia delicada.
Peço a todos que mandem muita força positiva prá que ela possa  pular essa fogueira e voltar prá familia commuita saúde.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Amar é…

Por Cássio Andrade



Quando criança, procurava aprender o que era amar, vendo os bonequinhos do “amar é…” com suas frases de efeito sobre o amor recheado por uma filosofia simples quase de auto-ajuda. Pareciam receitas na confeitaria do afeto.

Também fui ensinado a amar meus pais. Em minha infância, ainda se chegou a seguir a velha fórmula: papai no bolso, mamãe no coração. Quanta distância entre o bolso e o coração! À mãe, a ternura, o carinho, o afeto; ao pai, o trabalho, a autoridade, nenhum doce predileto. Minha geração precisou mudar esse receituário.

Ainda bem que aprendemos a amar nossos pais, como se não houvesse amanhã, da forma como alguém, já do outro lado, nos ajudou a amar as pessoas. Que país poderíamos nos tornar se continuássemos a amar do velho jeito?

Nesse dia dos pais, peço licença para, em nome do amor radical e sem fronteiras, render homenagem a meu filho. Na verdade, agradecê-lo por me fazer pai; por obrigar a revelar o rosto materno da paternidade.

Confesso que tentei projetar um caminho diferente a meu filho: jogar bola, levar ao campo, falar das minas, impor-lhe um clube para o qual torcer, essas coisas que usalmente fazem os pais aos filhos varões. A vida me fez abortar esse filho projetado e mudar o enredo dessa história. Ainda bem, pois aprendi a sair da óbvia condição de pai.

Pequenino, com meu filho fiz coisas que o monopólio das mães e avós não permitem ao pai. Troquei fraldas, limpei cocô, dei chuca e embalei na cadeira para fazer dormir. Até coloquei fio na testa para acabar com o soluço. Rompi os tabus da maternidade, às vezes sobre o desaprovo tácito da mãe. Ah, como é bom ser pai e mãe!

Obrigado, meu filho, por continuar a te amar sem condições. A continuar a vê-lo dormir com o rosto eterno da inocência. Diante das incertezas da juventude atual, tenho a feliz certeza de que sempre serás inocente, diante de um mundo mal, descrente e decadente; imundo mundo pós-moderno.

Amar é se tornar irmão, em sendo pai… Feliz dia com os filhos, nesse dia de pai!

O mistério das "Tapauéres"

Ontem, domingo dia dos pais, a gente andando pelas ruas da periferia, podíamos ver a movimentação das familias reunidas. O som ligado, os copos cheios, o churrasco correndo, a farofa, a salada crua, de maionese, arroz com galinha, as lasanhas, vatapas, maniçobas, feijoadas e pra fechar, o doce sabor dos cremes de cupuaçu, abacaxi, bacuri, pavês diversos, açai com tapioca.
Lá pelas 4 da tarde, todo mundo de bucho cheio ( que nessas alturas ninguém está "satisfeito"), triste, é hora dos filhos, genros e noras voltarem para suas respectivas casas. Na despedida, o indefectivel hábito de arrumar as vasilinhas com um pouquinho de cada comida devorada durante a reunião. Junta feijoada com uns pedaços de frango assado, bolo de chocolate com uma macarronada e assim vai, conforme o saldo das panelas.
Não se sabe de onde aparecem as "tapauéres". São tantas entre outras improvisadas com embalagens diversas, como as de sorvete Kibom, potinho de margarina e outras mais. Chegando em casa lava e guarda. Dai nova reunião e o ciclo reinicia. A vasilinha que eu já peguei da mamãe com tapioquinha, levei prá casa, e numa próxima situação, lá vai ela com mingau prá casa de outro ente querido e assim sucessivamente...

O enigma que fica é: Por quais caminhos andam, nessas alturas, esses tapperwares todos ?

sábado, 7 de agosto de 2010

Feliz dia dos pais prá todos

Manoel, o audaz
Raimundo Sodré




Há alguns anos, lá na Praça da República eu vi o Delcley Machado tocando a música “Manuel, o Audaz”, do compositor mineiro Toninho Horta. Fiquei impressionado com aquela apresentação. Primeiro porque o show era ao ar livre e, já sabe né, com direito àquelas limitações de infra que a gente conhece quando o poder público se anima para ofertar um issozinho de bom para o povo. Mas olha só, benza Deus este menino Delcley. Ele foi primoroso, impecável na interpretação. Tocou com uma sensibilidade, com uma entrega. Mergulhou na melodia e nos apresentou alguma coisa que eu acho ser um pedacinho do céu. (E para não ser injusto na lembrança, acompanhando a encantadora guitarra e juncando de flores os solos fenomenais do Delcley, naquele dia, estava uma galera feríssima da música instrumental paraense).
Além do talento dos músicos que se doavam à pura arte, ali no anfiteatro da Praça, a melodia deixou marcas. Eu já conhecia outras versões, inclusive enriquecida com um belo poema, na voz do próprio Toninho Horta, mas naquele dia, a música daquele jeito (só tocada e com aquela harmonia mágica do Delcley), me veio com um calor especial. Calor de pai. Bateu, sabe. Fez tóim óim óim aqui dentro da minha caixola. Liguei o Manuel audaz da canção, ao Manoel meu pai, lá do Xapuri.
Sei pouco sobre ele. Parte do que sei de meu pai é o que minha mãe contava quando eu era pequeno. Depois que cresci, procurei saber mais. Fiz duas viagens ao Xapuri. Na última delas, passei cinco dias no seringal em que nasci e acabei participando da rotina do campo (querendo ser audaz), acordando cedo, espalhando ração pelo terreiro, chamando os bichos pra comer: thu thu thu thu thu (e vinha pato, pintinho, galinha, até porco, cabrito, bode apareciam no quintal atrás dum petisco). Experimentei o desjejum do seringueiro montado com carnes, caldos e o que mais desse ‘sustança’. Fui pra lida. Pilei arroz, tirei mourão, colhi o milho (e sabia que isso, esse usufruto de uma rocinha, um carvão aqui, uma casa de farinha acolá, esse mínimo para viver como bom cristão era uma conquista grandiosa do homem da floresta. Muita gente tombou sob a mira dos poderosos para que eu estivesse ali colhendo folhas da hortinha nos fundos do barracão. Por causa dessa vitória histórica, eu fazia aquilo envaidecido, orgulhoso do meu povo acreano). Ganhei as ruas de seringa, nos altos dos igarapés, e risquei umas quantas árvores pelo caminho. Em cada uma delas, deixei fincada minha tigela na espera dos gotejos preciosos que a nós são oferecidos pela abençoada, pela laureada Hevea brasiliensis. Proseei com meus tios, meus primos, ao anoitecer; ouvi a cotação da borracha pela Rádio Nacional de Brasília e como um bom seringueiro, me aquietei antes do Cruzeiro do Sul tombar no horizonte. Adormecia sempre cansado e pensativo, acompanhando a fumacinha e a tisna que a lamparina desenhava no telhado.
Depois do seringal, passei uns dias na cidade e conheci mais histórias de meu pai. Soube das traquinagens, dos desafios que ele enfrentou. E da batalha que não conseguiu vencer. Histórias fortes. Comoventes.
De homem forte que era, definhou. Morreu naquelas terras longes chamando pelos filhos.
Quando deixei o Acre, trouxe na bagagem meu pai de verdade. Um pai que eu sempre quis ter. Um Manoel audaz que aplicava até injeção e tomava uma bebida chamada leite de onça. Um pai que mesmo na ausência, me ensinou (ou fez nascer em mim, sei lá) esta vontade de ser pai.
Amanhã, a melodia de Manuel, o Audaz, do jeito que o Delcley tocou lá no anfiteatro vai trazer de novo, meu pai pra mim (e vou me confortar com o pouquinho de Manoel que sou). Na hora do almoço, pra abrandar meu coração, vou ficar só ouvindo os meus filhos: “pai, tal coisa assim assim?”, “o que acha disso, pai?”. Pai, isso. Pai, aquilo. Pai...E não vou me cansar de ouvir... “Pai”...
Preciso ouvir.