sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ponta do lápis


O vovô José Cardoso vinha sempre de manhã cedo tomar café(na dr, Moraes),ele vinha andando lá do Guamá, da Liberato de Castro. Ele sempre usava um bonezinho meio puído, uma barbinha branca, a pele morena. Eu gostava de passar a mão na carequinha dele e no restinho de cabelo , já branco. O vovô tinha um canivete afiadíssimo. Ele dizia : -Pega o teu lápis! E eu corria trazendo o lápis, que ele apontava de um jeito que eu achava muito bonito (vê se pode, achar beleza em ponta de lápis!!) E ai eu tinha a impressão que aquele lápis, com a ponta feita pelo canivete, nas mãos calosas do vovô, era um instrumento fora do comum que deixava minha letra e meus desenhos mais bonitos. Eu tinha o maior cuidado em não quebrar a ponta.Era como se só eu tivesse uma coisa que ninguém tinha.
A benção vô!

2 comentários:

Artur Dias disse...

Rá! Eu também tenho um canivete muuuito do afiado. E já dispensei os estiletes para apontar os lápis, sejam meus ou do Leonardo. E as pontas são mortíferas. Bem, os do Leonardo não faço assim tão afiadas, senão pode dar galho na escola.

Eduardo Dias disse...

O vovô....Tenho umas vagas lembranças dele. Uma vez eu tava em casa e ele foi nos visitar pela manhã. Nós sempre íamos à cada ano no dia do Círio, de táxi, visitar o vovô e a vovó lá na casa do Guamá. Me lembro do vaso sanitário feito de madeira. Aliás, em casa também tivemos um assento sanitário feito de madeira, não foi? Me lembro que o vovô já estava nas últimas deitado numa rede e já nem falava mais, só chorava muito por não poder pegar os netos no colo.