Vovó é uma mulher forte. Lembro quando o vovô teve aquele AVC que ficou anos de cama, até falecer. Me dava a maior angústia vê-lo daquele jeito. Me impressionava a força e dedicação da vovó cuidando-o, alimentando-o, banhando-o, etc.
Lembro das duas casas da vovó. Primeiro aquela de barro e teto de palha, lá na rua Liberato de Castro. Esta ficava na pista. Era uma casa arrumadinha, com moveis de palinha. Armários de madeira polida, com as suas prateleiras enfeitadas com um papel, (desses de embrulho, coloridos, que as mulheres faziam uma série de dobras e então faziam alguns cortes estratégicos, delicados e apos desdobrar, o papel ficava com um aspecto de renda, com uns buraquinhos quadrados, triangulares, etc. dependia da forma como se dobrava e dos cortes que se dava) milhares de bibelôs de louça, vasinhos feitos de lata encapada com papel de embrulho. A casa cheirava a carvão, cheiro verde, jasmim, madeiras, alvaiade(era um produto que o vovô usava, ele era carpinteiro). Essa casa tinha, como eu já disse, paredes de barro, que era moldado em uma armação de paus( dessa casa era uma madeira fibrosa que soltava umas lascas compridas, boas prá estrepar o dedo). Como bom moleque, eu esperava quando ninguém estava olhando e cutucava com o dedinho o barro seco e ele esfarelava, caindo no chão. Eu gostava também de arrancar umas lascas da madeira prá queimar no fogão de carvão. Eu gostava de sentir o cheiro da madeira queimando.
3 comentários:
Eu lembro muito pouco dessa casa, mas recordo de um santuário feito pelo vovó José. Eu achava muito legal. Parecia uma casinha de madeira para bonecas. Dentro havia um santo, o São José. O santuário era feito de madeira, pintado com um azul claro. Tinha duas portinholas. Ele me parecia comprido para cima, como a crescer em direção ao céu. Suas formas subiam formando uma espécie de triângulo (creio que ainda lembro da mamãe pedindo para eu não mexer nele). Aquela obra de arte me impressionou muito.
Nessa casa, também, lembro que um domingo eu me embalava na rede, no quarto do meio. Havia uma caixa encostada na parede oposta à rede e eu, embalando, chegava perto demais dela. Uma galinha estava chocando ovos ali. Por diversão eu empurrava a parede com os pés para impulsionar a rede, ao mesmo tempo que cutuva a caixa. A galinha aborrecida com tanta perturbação tacou-lhe uma bela bicada em meu pé criança... Senti muita dor... Mas se eu me queixasse para a mamãe, a situação seria pior e acabei engolindo o choro....
Num outro domingo, lá fui eu me embalar na dita rede.... E dessa vez havia uma caixa de madeira com uma gata e seus gatinhos. Fiz o mesmo trajeto na rede, cada vez mais aproximando meu pé da caixa. A gata, com uma rapidez impressionante, me desferiu uma arranhada no pé que dessa vez não tive como esconder. Daí tomei a maior bronca da mamãe.
Além disso, eu também gostava, sob influencia do Zé Maria, de arrancar estrepes da cerca e queimar na brasa do fogão. Ali fui descoberto pela mamãe. Foi outra bronca no mesmo dia... Putz!
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