jorge disse...
Eu lembro da rua doutor Moraes com suas estivas somente depois das chuvas. Antes, acho que era fim dos anos 60, papai levava a gente no jipe, junto com os filhos do seu Carlos, para catar aterro em alguns lugares de Belém. Trazíamos muita pedra para jogar na rua.Da janela superior, eu via uma rua comprida. Poucas árvores na beira da vala. Não havia muito barulho. Dava para ver o Manuel Pinto, o maior edifício da cidade. Ele tinha uma antena e nela havia um número que de casa dava para enxergar. Também dava para ver alguns navios passando por entre os edifícios láááá longe... Acho que isso só era possível quando a casa em que morávamos ainda não havia começado a afundar na lama...
10 de Maio de 2009 05:53
Artur Dias disse...
Bom, a minha memória seletiva (que já trabalhou inclusive em outros blogs, como o Quinta Emenda, Arbítrio, Quaradouro) relaciona coisas do tipo calango verde e azul na beira da vala, maçariquinhos pela areia, se imaginando lá no Carananduba, mussuns jogando beijo prá gente, aranhas imensas, cobras serpenteando na vertical, ovas de uruá a dois metros do chão e até um naco de sucuri bem gordo, como um pneu de moto, dentro do bueiro da Caripunas. Fora aquela ponte detestável do seu Jorge peixeiro, que uma vez deixou acho que de propósito uma cabeça de peixe com olhos fantasmagóricos semi mergulhada em frente à sua casa, sob a ponte. Acho que não peguei uma fase lá muito glamourosa da rua...Artur
11 de Maio de 2009 11:24
Artur Dias disse...
Também tinha as cercas de estaca de acapu, boa pra enfiar um estrepe em dedo de moleque, aquela planta de folha larga debaixo do quaradouro, com seu cheiro enjoativo (acho que eu era meio entojado mesmo), o dia em que o Jorge subiu no jambeiro e coletou 0,00000000001% da biodiversidade em artrópodos do quintal, o que dá mais ou menos umas 300 espécies ali presentes, com um exemplar de cada (santa biodiversidade!). Vidro cheio, tinha até aranha verde. E tinha a fruta de conde do quintal da Orlandina, segundo a mamãe, venenosa ( a fruta, não a dona, ainda).
11 de Maio de 2009 11:30
Artur Dias disse...
Uma vez eu vi uma ratazana, enorme, aleijada de uma pata traseira. Imagine, se o bicho já é nojento com todas as patas... Aí peguei a Rossi 0,5 mm e mandei ver. Pegou na espinha, acho, e de perneta, a ratazana virou paraplégica. O papai ouviu o estalo da Rossi, me tomou a espingarda, me esculachou, mas não escondeu o orgulho pela excelente pontaria do filhão enxerido.
11 de Maio de 2009 11:34
Artur Dias disse...
Tinha o cão collie, lá no Consulado do Japão, na Pe. Eutíquio, ao lado da ex-igreja batista, por sua vez, ao lado do ex-Perpétuo Socorro. O diabo do cão ( ou o cão do diabo) era mimadinho, e adorava dar susto nos passantes. Ele tinha a seguinte estratégia: como eram duas grades, ele atacava a gente na primeira, corria e ficava esperando pra latir também na segunda, e como a maioria dos transeuntes era menos inteligente que o cão, passava na segunda grade e sempre tomava o susto repetido. Mas uma vez, pusemos nosso intelecto ardiloso pra funcionar. Papai, Nazareno e eu, fome da uma da tarde, descemos a Pe. Eutíquio, e lá o collie dá aquele susto. Mas antes da segunda grade, a gente atravessa a rua... pra ver o collie chegando nela com uma frustração indizível, um franzido da testa, a boca semi-aberta... Foi muito engraçado.
Um comentário:
Cara, que lembranças costumam ficar marcadas em nossa mente, não é mesmo? Esse caso do cachorro, eu nem me lembrava mais e rimos muito eu o Felipe quando eu contei para ele.
E o caso do revólver calibre 32? Criança é curiosa mesmo e poderia acontecer algum acidente. Ainda bem que eu era medroso prá caramba!
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