segunda-feira, 18 de maio de 2009
Faltava luz sempre.
Telefone era um artigo que privilegiados podiam ter. O seu Sérgio era um desses. O papai obteve dele a permissão para dar o número desse telefone para os clientes chamare-no para consertar seus televisores em domicilio. Pois bem, uma noite faltou luz(ouvia-se em uníssono um AAAAAAAAAAAAAAHHHH! a vizinhança parece que combinava e murmuravam todos nessa hora). Escuridão preta, sapos coaxando, grilos cricrilando, matintas pereras assoviando, tambores de macumba ao longe, caveiras dançan...Êêêpa, assim já é demais. Mas, continuando, estavamos recolhidos em casa à luz de velas quando bateram na porta e aquela voz rouca (parecendo o pelé meio resfriado falando) vem avisar que era telefone para o papai. Lá a mamãe me manda ir atender. Rapaz, quando eu entro na casa do seu Sérgio e pego o telefone eu vejo, espalhadas por todo o cômodo, velas vermelhas, verdes, pretas, em forma de santos, acesas e se derretendo pelos móveis. Eram velas de macumba (que o seu Sérgio catava )dos despachos que apareciam lá na ponte. Hoje contando não parece muito estranho, mas naquela época em que velhas viravam porco e rasga mortalhas agouravam a morte de alguém, todo cuidado era pouco.
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