A MANGUEIRA II A Mangueira e as mangas Nos galhos da mangueira brinquei de carro, construção, ônibus, avião, tanque de guerra, montanha e até de barco, balançava de um lado para o outro, até que um dia o galho que era o barco quebrou e tive que inventar uma nova brincadeira, então virei um “macaco”, pulava de galho em galho e ficava orgulhoso de saltar de um galho cada vez mais longe para o outro, nem me importava para o risco de cair de lá. Mas então começou a dar manga, e ora essa, do que se alimenta o macaco na mangueira? Descobri que podia subir escondido com uma faquinha branca de ponta redonda da mamãe e deitar na “mão” da mangueira, esticar o braço sem esforço nenhum apanhar uma deliciosa manga da penca ao lado e saborear uma, duas, três, quatro, quantas desse para agüentar e descer satisfeito.
A MANGUEIRA III A mangueira e o Ingá “Seu Sérgio” grande figura, preto velho de voz rouca, quando discutia besteiras falava até afinar a voz,hahahahaha. Era vizinho nosso, bem na frente da casa dele cresceu um “pé de ingá xixica”, que parecia um algodão doce, de tão doce que era, era uma verdadeira “atentação” dos moleques tentando roubar os ingás, e o seu Sérgio correndo atrás deles, quando não, ficava de prontidão escondido olhando pelas brechas da sua casa para defender suas frutas, que viravam lama debaixo da árvore devido a quantidade na mesma. Foi então que eu e o Daniel sentindo a dificuldade de apreciar tão gostosa iguaria, observado uma falha na segurança dos ingás e a natureza a nosso favor, notamos que os galhos da mangueira se estendiam para cima da casa do seu Sérgio e se emaranhavam nos galhos do ingazeiro, então engenhosamente como o MacGyver, em Profissão Perigo, pegamos um pau que servia de varal e um cabide de ferro, fizemos um magnífico gancho, e com toda adrenalina subimos na mangueira, o Daniel ficou apoiado em pé em um galho e o peito escorado em outro (nossa mangueira era fabulosa, nos permitia mil traquinagens) segurava a vara e prendia nos galhos da fruta proibida e puxava pra que pudesse aproximar mais os frutos mais distantes, e a parte mais perigosa que era de pegar os ingás ficava por minha conta. Tinha uma bermuda com um bolso imenso, e depois de encher todos os bolsos subíamos para as “mãos da mangueira e fazíamos a divisão, o Daniel até hoje se diverte imaginando a cara do Seu Sérgio brechando a frente da casa dele e reparando por baixo seus ingás e nem sequer passava pela cabeça dele que suas preciosas frutas estavam sendo devoradas.
Certo sábado a tarde enquanto nos banqueteávamos com os ingás a mamãe viu a nossa arte e ordenou que descêssemos de lá senão pegaríamos uma boa surra, o susto foi tão grande que ao tentar guardar a vara o gancho soltou e ficou preso no ingazeiro, e o pior é que o cabide era amarelo e poderia ser visto pelo seu Sérgio, ficamos preocupados demais, descemos da mangueira morrendo de medo e nos aquietamos, então o céu escureceu que a tarde parecia ter virado noite, uma fortíssima chuva caiu com raios e trovões, estávamos na janela do quarto da frente aonde a Nen dormia, de repente um clarão e um estrondo tão alto fez nossos joelhos dobrarem com o susto, um raio caiu para os lados da Timbiras foi um susto e tanto, no dia seguinte o gancho havia caído e o galho do ingazeiro estava seco, nosso medo foi embora e a tristeza de não poder mais pegar o tão gostoso ingá tomou conta de nós, restava apenas ficar olhando de longe.
A MANGUEIRA V De repente fiquei sabendo que o dono do terreno ao lado da nossa casa onde a mangueira ficava resolveu vender ou construir uma casa, chegou até oferecer pra mamãe, uma preocupação imensa tomou conta de mim: “Meu Deus vão cortar a mangueira!!!!” comecei a rezar para que a mamãe comprasse o terreno, que ganhássemos na mega sena, que achássemos um pote de ouro, mas que conseguíssemos comprar o terreno para não derrubar a mangueira, comecei a imaginar uma ampliação da nossa casa que pudesse ser feita para não cortar a mangueira, ou desenhar uma planta de uma casa aonde a mangueira continuaria como parte da casa, para quem comprar o terreno. Em vão foram meus pensamentos, a angustia tomou conta de mim e um dia de muita tristeza, alguém comprou o terreno e construiu uma casa, quando cheguei da Capela de Santo Antonio minha segunda casa havia sido cortada e os despojos dela jogados na beira da vala, lá iam embora toda a minha infância, as brincadeiras, as mangas e uma parte da minha história.
Uma vez o Chardinho brincava dentro daquela kombi velha do seu Sérgio, então naquele momento alguns ladrões passaram fugindo da PATAM e se embrenharam pelos quintais das casas. A polícia quando chegou na Doutor Moraes com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais procurando os pilantras, enxergaram só a cabeça do Chardes dentro da Kombi, por muita sorte, e ponha sorte nisso, ele não foi alvejado, um policial abriu a Kombi apontando o revolver para ele, que deseperado ficou branco, levou um "tapinha" e foi escurraçado de lá. hahahaha
5 comentários:
A MANGUEIRA II
A Mangueira e as mangas
Nos galhos da mangueira brinquei de carro, construção, ônibus, avião, tanque de guerra, montanha e até de barco, balançava de um lado para o outro, até que um dia o galho que era o barco quebrou e tive que inventar uma nova brincadeira, então virei um “macaco”, pulava de galho em galho e ficava orgulhoso de saltar de um galho cada vez mais longe para o outro, nem me importava para o risco de cair de lá.
Mas então começou a dar manga, e ora essa, do que se alimenta o macaco na mangueira? Descobri que podia subir escondido com uma faquinha branca de ponta redonda da mamãe e deitar na “mão” da mangueira, esticar o braço sem esforço nenhum apanhar uma deliciosa manga da penca ao lado e saborear uma, duas, três, quatro, quantas desse para agüentar e descer satisfeito.
A MANGUEIRA III
A mangueira e o Ingá
“Seu Sérgio” grande figura, preto velho de voz rouca, quando discutia besteiras falava até afinar a voz,hahahahaha. Era vizinho nosso, bem na frente da casa dele cresceu um “pé de ingá xixica”, que parecia um algodão doce, de tão doce que era, era uma verdadeira “atentação” dos moleques tentando roubar os ingás, e o seu Sérgio correndo atrás deles, quando não, ficava de prontidão escondido olhando pelas brechas da sua casa para defender suas frutas, que viravam lama debaixo da árvore devido a quantidade na mesma.
Foi então que eu e o Daniel sentindo a dificuldade de apreciar tão gostosa iguaria, observado uma falha na segurança dos ingás e a natureza a nosso favor, notamos que os galhos da mangueira se estendiam para cima da casa do seu Sérgio e se emaranhavam nos galhos do ingazeiro, então engenhosamente como o MacGyver, em Profissão Perigo, pegamos um pau que servia de varal e um cabide de ferro, fizemos um magnífico gancho, e com toda adrenalina subimos na mangueira, o Daniel ficou apoiado em pé em um galho e o peito escorado em outro (nossa mangueira era fabulosa, nos permitia mil traquinagens) segurava a vara e prendia nos galhos da fruta proibida e puxava pra que pudesse aproximar mais os frutos mais distantes, e a parte mais perigosa que era de pegar os ingás ficava por minha conta. Tinha uma bermuda com um bolso imenso, e depois de encher todos os bolsos subíamos para as “mãos da mangueira e fazíamos a divisão, o Daniel até hoje se diverte imaginando a cara do Seu Sérgio brechando a frente da casa dele e reparando por baixo seus ingás e nem sequer passava pela cabeça dele que suas preciosas frutas estavam sendo devoradas.
A MANGUEIRA IV
A mangueira e o Ingá
Certo sábado a tarde enquanto nos banqueteávamos com os ingás a mamãe viu a nossa arte e ordenou que descêssemos de lá senão pegaríamos uma boa surra, o susto foi tão grande que ao tentar guardar a vara o gancho soltou e ficou preso no ingazeiro, e o pior é que o cabide era amarelo e poderia ser visto pelo seu Sérgio, ficamos preocupados demais, descemos da mangueira morrendo de medo e nos aquietamos, então o céu escureceu que a tarde parecia ter virado noite, uma fortíssima chuva caiu com raios e trovões, estávamos na janela do quarto da frente aonde a Nen dormia, de repente um clarão e um estrondo tão alto fez nossos joelhos dobrarem com o susto, um raio caiu para os lados da Timbiras foi um susto e tanto, no dia seguinte o gancho havia caído e o galho do ingazeiro estava seco, nosso medo foi embora e a tristeza de não poder mais pegar o tão gostoso ingá tomou conta de nós, restava apenas ficar olhando de longe.
A MANGUEIRA V
De repente fiquei sabendo que o dono do terreno ao lado da nossa casa onde a mangueira ficava resolveu vender ou construir uma casa, chegou até oferecer pra mamãe, uma preocupação imensa tomou conta de mim: “Meu Deus vão cortar a mangueira!!!!” comecei a rezar para que a mamãe comprasse o terreno, que ganhássemos na mega sena, que achássemos um pote de ouro, mas que conseguíssemos comprar o terreno para não derrubar a mangueira, comecei a imaginar uma ampliação da nossa casa que pudesse ser feita para não cortar a mangueira, ou desenhar uma planta de uma casa aonde a mangueira continuaria como parte da casa, para quem comprar o terreno.
Em vão foram meus pensamentos, a angustia tomou conta de mim e um dia de muita tristeza, alguém comprou o terreno e construiu uma casa, quando cheguei da Capela de Santo Antonio minha segunda casa havia sido cortada e os despojos dela jogados na beira da vala, lá iam embora toda a minha infância, as brincadeiras, as mangas e uma parte da minha história.
Uma vez o Chardinho brincava dentro daquela kombi velha do seu Sérgio, então naquele momento alguns ladrões passaram fugindo da PATAM e se embrenharam pelos quintais das casas.
A polícia quando chegou na Doutor Moraes com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais procurando os pilantras, enxergaram só a cabeça do Chardes dentro da Kombi, por muita sorte, e ponha sorte nisso, ele não foi alvejado, um policial abriu a Kombi apontando o revolver para ele, que deseperado ficou branco, levou um "tapinha" e foi escurraçado de lá. hahahaha
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