quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Coroação

Sempre combati aqui a idéia do "DNA Artístico" por uma única razão: esta idéia, além de não ter fundamento científico, remete às teorias da eugenia, utilizadas como instrumento de opressão por regimes totalitários, e que levaram a catástrofes. A mais conhecida delas, o Holocausto; outra que todo brasileiro deveria conhecer é o massacre secular dos povos indígenas.
Não temos DNA artístico. Temos, sim, a grande sorte de ter contado com pessoas interessadas na arte, que nos incentivaram e acompanharam. Nenhum de nós se tornou "artista plástico" na acepção mais usual, no sentido de criador de conceitos. Somos grandes ilustradores, o Daniel talvez o melhor, principalmente na anatomia, graças a longo estudo no livro emprestado pelo Edinaldo. Daniel e Clara, separados na idade por poucos anos, já aterrissaram num cenário de tintas, canetas, pincéis e lápis. Não tiveram que agüentar a lenga-lenga que de vez em quando o papai desfiava: "Artista não fica rico, o meu primo que mora no Rio e é desenhista não ficou rico...". Ou então a mamãe: "meu filho, porque o braço desse homem aqui [aponta o desenho] tá torto??"
Clara, artista intuitiva, investiu esse talento em outro mundo, na fronteira que liga a indústria com a arte. Empreendedora, sei que participou de tudo o que fosse encontro, congresso e oficina que pudesse lhe mostrar coisas novas, abrir novas visões, enriquecendo também seu currículo. Uma hora, esse esforço tinha que ser recompensado. E todos lhe agradecemos, porque nos sentimos recompensados também, afinal, não são os jovens a promessa de um futuro melhor?
É grande a responsabilidade de representar a Uepa, fora do país (não esquece a vacina, hein?), mas o conhecimento acumulado nos autoriza a dizer que será uma tarefa muito bem cumprida.

12 comentários:

Cássio de Andrade disse...

Artur, a família tem DNA sim. Já esqueceu da teoria dos genótipos, mano velho? Deixe de sectarismo. É claro que que a genética não é determinante,pois deve estar acompanhada de fatores socioculturais (afinal somos cientistas sociais, pois não?),mas negar fatores biológicos, mano, em pleno século XXI com o mapeamento do DNA do Projeto Genoma? Não negue a boa ciência, companheiro. Vincular herança genética com eugenia é histeria antropológica (Jorge, onde estás que não entras nesse debate? E a Anete? E Fernando?). Parabéns sim, à Família Dias, criadouro do engenho e da arte, parafraseando Camões... Ah, Clarinha, a Governadora adorou aquela pulseira dada ao Lula!

Eduardo Dias disse...

Tenho que concordar com o Cássio, afinal eu não incentivei o Felipe a desenhar e agora, taí, desenhando melhor a cada dia que passa. E a Nen e o Guilherme? Nunca vi nenhum dos dois incentivando o André e outro dia ele fez um desenho aqui em casa que fiquei de queixo caído. Em casa o papai não incentivava não mas creio que tínhamos sim algo guardado internamente que se desenvolveu muito com o passar dos anos.

jorge disse...

Concordo com o Artur. A eugenia foi uma pedra no sapato das ciências tanto biológicas quanto sociais. O Cássio confunde "alhos com bugalhos" e se contradiz ao afirmar mapeamento de DNA no século XXI e que genética não é determinante para desenvolver habilidades variadas. O cérebro tem seu mecanismo de aprendizagem ainda não totalmente desvendado. Sabe-se que a criança aprende repetindo o que outros fazem, de acordo com Vygotsky, cientista educacional que teve em Marx seu espelho para analisar profundamente a aprendizagem numa cultura social. A meu ver, se o papai já fazia desenhos e a mamãe admirava a beleza das artes saídas das mãos do vô Cardoso, então, essa influência sobre nós foi fator chave para, a começar pelo Zé, se espalhar por toda a família. Os fatores externos que contribuem para a aprendizagem em qualquer esfera do conhecimento precisam de um intermediário entre o aprendiz e aquele que ensina. Portanto, apesar de o século XXI ensejar arroubos de tecnologia e civilidades, ainda padecemos do analfabetismo científico, levando-nos a acreditar na transmissão de "vocação" para isso ou aquilo.
Penso que ninguém nasce com tendência para ser ladrão - e olha que havia aquela história de usar a matemática para medir diâmetro de crânio de assassinos - na tentativa de fortalecer a teoria da eugenia. Filho de ladrão não se torna, necessariamente, ladrão. Filho de artista, não se torna necessariamente um Da Vinci...

jorge disse...

Nazareno, o papai e a mamãe, além do Inácio e tia Cica, incentivavam sim, a gente a desenhar, pintar, ler... Lembro que eu estava no hospital, com 6 anos de idade, e o papai trazia lápis de cor e papel. Sentado ao meu lado, desenhava. Mostrou-me, um dia, um caderno surrado, que ele guardava com orgulho de quando estudava. Sabes o que tinha nas beiras desse caderno? Desenhos... Muitos desenhos que ainda trago bem vivos nas lembranças que agora me vem à mente... Eu olhava as cores e como o papai se importava em misturar proporcionalmente essas cores para dar beleza aos desenhos nesse caderno. O próprio caderno, feito artesanalmente não sei se pela nossa avó ou avô, era muito parecido com aqueles que a mamãe fazia para mim e para o Zé. Usava folhas de papel almaço recortadas e costuradas com capricho. A capa sempre era adornada com algum desenho. Se pensas não teres incentivado o Felipe, estás enganado. Qualquer atitude tomada, sem perceberes,seja usando o violão ou o crayon, com certeza não passou despercebida por quem te tem como exemplo maior. Além disso não podes falar pela Nen ou pelo Guilherme, uma vez que eles também podem não se lembrar de haver influenciado artisticamente o André... Somos todos seres sociais sob influências as mais diversas de nosso meio... Somos a soma de uma série enorme de situações que nos resultam em admiradores da arte. Assim, apenas reforçamos a aprendizagem de nossos filhos...

Artur Dias disse...

Jorge, acho que o teu DNA não é físico, mas sociológico!!

jorge disse...

Artur, na área de exatas e naturais nem tudo é cálculo. Há no Brasil, desde a década de 70 do século passado, um grupo de pesquisadores em ensino de ciências. Tenho seguido um pouco para esse lado, também. Aí, como o objeto de estudo é o aluno, então se faz necessário conhecer as ciências sociais. Meu primeiro livro de sociolgia foi o do Pedrinho Guareschi. A partir dele aprendi alguma coisa sobre as relações sociais. Além disso, o Núcleo Pedagógico de Apoio e Desenvolvimento das Ciências da UFPA, me proveu com maiores informações sobre as pesquisas mais recentes sobre processos de aprendizagem... Pena não haver podido mais continuar estudando lá por motivos de saúde.
Um abraço.

Eduardo Dias disse...

Vamos marcar a continuação deste animado debate sobre DNA, teorias genéticas, Projeto Genoma e etc para a próxima festa que possivelmente vai ser do aniversário da mamãe. O Cássio dublando o Caetano Veloso, o Guilherme com os bregas e a cerveja dele, O Zé com as caveiras e eu com um CD novo dos Aviões do forró...

Cássio de Andrade disse...

Jorge e Artur: neuróticos da eugenia...

gabriel disse...

Vou levar um DVD do tecnoshow para nos deliciarmos com um verdadeiro deleite estético sonoro e visual com a Gabi.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
É mole? mas ciomo diz o macaco Simão, trisca pra ver o que acontece!!!!!

jorge disse...

Cássio e seu complexo de achar que todo mundo tem que concordar com ele.... só porque é quase doutor.

Artur Dias disse...

Mas esse Cássio... Ei, cumpádi, aqui não é reunião da Força!

Anônimo disse...

não esqueça de levar cd ou dvd de calcinha preta.