sexta-feira, 7 de agosto de 2009

BONECOS NA JANELA

LEMBRO QUE NA FALTA DE LUZ, QUE ATINGIA A DOUTOR MORAES ENTRE TIMBIRAS E CONCEIÇÃO, FICAVAMOS IMPOSSIBILITADO DE FAZER NOSSOS AFAZERES E DEVERES. ENTÃO OS MAIS VELHOS DA FAMÍLIA PROVIDENCIAVAM A DIVERSÃO PARA OS MENORES, INCLUINDO ESTE QUE VOS ESCREVE.
USAVAM A TÉCNICA DO TEATRO SE SOMBRAS, CONTANDO ESTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO (MUITOS DELES QUE A DONA MARIA, NOSSA MÃE, CONTAVA COM A INTENÇÃO QUE DEIXASSEMOS DE SER MOLEQUES ATENTADOS) E CADA RELATO DESTES ERA DE ARREPIAR OS CABELOS, CAUSAVAM UMA FORTE IMPRESSÃO QUE DEMORAVA PARA SUMIR.
OS BONECOS RECORTADOS NA FORMA DO QUE IRIA SE NARRADO, FICAVAM PAVOROSOS AO SEREM ILUMINADOS POR UMA VELA, QUEM VIA O TEATRINHO, TINHA PESADELOS A NOITE TODINHA. TIVE MUITOS SONHOS RUINS NESSE PERÍODO DA VIDA.
ENQUANTO A LUZ NÃO RETORNAVA; A DIVERSÃO E O TERROR SEGUIAM DE MÃOS DADAS NAQUELA SALA PENUMBROSA, SENDO QUE A ONOMATOPÉIA QUE SAÍA DA BOCA DOS MANIPULADORES CRIAVA CENÁRIO ANNGUSTIANTE, QUE EM NADA CONTRIBUÍA PARA POR FIM AO MEDO QUE NOS AGARRAVA PELO PESCOÇO.
UM CONTO QUE NUNCA ESQUECI FOI DE ENCONTRO DA MULA-SEM-CABEÇA COM A VELHA MATINTA, UM BONECO HORRÍVEL QUE SE PUNHA À ASSOBIAR QUE DOÍA NOS OUVIDOS; A MULA ERA UM ISQUEIRO QUE UM DOS MAIS VELHOS POSSUÍA NA ÉPOCA E QUE TODOS QUERIAM VER E TOCAR (O DONO DO ISQUEIRO, APESAR DE NÃO FUMAR, O TINHA TALVEZ PARA MOSTRAR AOS OUTROS: OLHA QUE EU TENHO E TU NÃO TENS!).
MAS COM O TEMPO ESTE TIPO DE BRINCADEIRA FOI PARANDO, ASSIM COMO OS BLECAUTES DA CIDADE DAS MANGUEIRAS, CESSOU COMPLETAMENTE PORQUE CADA UM DOS ENVOLVIDOS SE OCUPOU DE OUTROS AFAZERES E DEVERES.
AINDA LEMBRAVA DE UMA CENTENA DESSAS ESTÓRIAS, MAS HOJE ELAS ME FOGEM COMO ÁGUA PELOS DEDOS, APESAR DE MEDO QUE TINHA, NUNCA RECLAMEI POR ESTES MOMENTOS QUE PASSEI, QUE VIVI E ACABARAM. POIS TUDO NESTA VIDA SE APAGA, NÃO DURA PARA SEMPRE.

TEXTO DE FLÁVIO DIAS

Um comentário:

Eduardo Dias disse...

Sempre me lembro das histórias que a mamãe nos contava para que ficássemos quietos sem fazer baderna durante a falta de energia elétrica. Tem a história da caveira no teto que caía e se montava toda. Tem a história da procissão das almas em que um curioso espectador pegou uma das velas nas mãos e quando amanheceu o dia, estava morto com um fêmur numa das mãos. Tem história de matinta pereira sobrevoando o Marajó. Como são tantas histórias, resolvi um dia gravar uma conversa com a mamãe para transformar em postagem no blog. Aguardem.