sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sala

Só prá melhorar a imagem da sala, Artur, A passagem entre as duas salas era mais larga. Lá no outro cômodo tinha o buffet marron, na parede direita e a máquina de costura também. O vaso é exatamente igual. Esse vaso era de plástico e tinha umas bolinhas que a gente gostava de amassar sentindo a areia dentro, lembra? Aquela coluna onde o vaso ficava também é igual. Na parede direita perto da estante realmente tinha aquela marca de uma antiga escada de madeira. O quadro do Cristo tinha uma lâmpada neon que eu achava esquisita a luzinha que ficava tremelicando dentro, à guisa de uma chama de vela.Faltou a eletrola belíssima e potente do papai na sala. Tu lembra como ela era?
Artur, que tal tu fazeres agora a visão que a gente tinha da janela da frente, ou seja, a vala, o outro lado da margem e as casas?
Desenho legal!!!

2 comentários:

Artur Dias disse...

Foi uma tentativa. Eu gostava muito do desenho dessa sala. Ao contrário do quarto do meio, lá em cima, onde a luz sempre estava queimada, e a visão do lado esquerdo era limitada e com cheiro de abafado, a sala tinha um capricho de carpintaria, naquela passagem e na parede dupla. Senti falta quando ela foi demolida. Também puxei pela memória a eletrola, mas acho que não consigo lembrar muita coisa. Sabia mesmo que faltariam vários objetos. Para o próximo desenho, todos poderiam enviar uma descrição dos elementos. Assim, traçaríamos um retrato mais preciso desse momento.

jorge disse...

Na sala ficava uma mesinha para suporte da televisão grandona. Quando a janela da frente era aberta quase sempre dava uma trombada na tevê. Quanto a eletrola, ela tinha uma tampa dupla que abria para cima, num engenho simples e prático de duas folhas horizontais. Sua cor, me parece, era meio amarelada. Ao erguer a tampa via-se o lado esquerdo cheio de botões e teclas, com painel de vidro no qual havia uma escala de frequência de rádio. Tinha, de um lado desse painel,o botão de sintonia e do lado oposto tinha o volume. Ao lado do painel ficava o toca-discos, com aquele braço curvo característico e na ponta uma agulha, que era cuidadosamente depositada sobre as ranhuras do disco (transformando energia mecânica em sonora). A agulha era um cristal piezoelétrico que de tanto usar acabava desgastando com o tempo. Dentro desse local do toca-discos havia uma foto do presidente da época militar. Um senhor de idade e de olhos azuis. Era o presidente Emilio Garrastazu Médice. Lembro de, que sob influencia da Constância, escrevi que gostava dele. Depois descobri que o mesmo foi o mais cruel dos generais na perseguição aos que eram contra o regime militar. Coisas de criança.
Embaixo, entre o painel e os autofalantes frontais, havia uma gaveta pequena, que continha os discos bem arrumados. Lembro duma noite em que brincavámos de procurar objetos escondidos. Alguém abriu a gaveta justamente no momento em que eu me agachava para procurar o brinquedo embaixo da eletrola... Lembro duma forte dor na testa e o sangue vermelho vivo escorrendo... Acabou-se a brincadeira naquela noite...