sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Mamãe tenta salvar seu filhinho a qualquer custo
EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA DO BLOG "O Provocador" de Marco Antonio Araújo.
Jornalismo é edição. Alguém é muito bem pago pra escolher o que entra e o que sai. E de que forma os fatos vão chegar ao público. Por exemplo, olhem essa manchete da Folha Online, do UOL:
“Garis mostrados na Band dizem não guardar mágoas de Casoy”.
Comovente, não? Se os principais atingidos perdoaram o Boris, malvados somos nós que achamos que isso não pode ficar assim. Agora assistam à entrevista.
O que vemos? Que a manchete deveria ser:
“Garis ofendidos por Casoy viveram uma tragédia e se dizem chateados”.
Perceberam como é uma opção tecnicamente indefensável limpar a barra do sujeito? Está lá no vídeo a dor e a vergonha porque passaram. A edição prefere pegar um detalhe e, covardemente, abusar da boa fé dos garis. Eles são educados, decentes e generosos. E levam na cabeça. De novo.
A reportagem foi atrás dos dois já com essa intenção. Só pode. Se lixaram para o sofrimento deles. Botaram panos quentes. Amaciaram. Esconderam a “tragédia”. Tragédia.
E por que? Uma hipótese se impõe: para preservar aquele que foi colunista, editor-chefe e diretor de redação da Folha de S.Paulo.Durante a ditadura militar.
Aquela ditadura que os donos do UOL chamaram de ditabranda.
Pegou mal. Mas logo estará até nos livros escolares que o Grupo Folha apoiou, sim, o golpe militar. É um fato. Todos cometemos erros. Ao assumí-los, ganhamos alguma dignidade. Negar que é feio.
Mas mamãe sempre protege o filhinho. Boris fez muito pela Folha. Leal, inteligente, linha dura. E útil. Era bem relacionado com milicos poderosos. Afinal, foi do CCC, Comando de Caça aos Comunistas. Sim, aquela gente que defendia agressão, tortura e morte dos comunas. Uma flor, portanto.
Quem se surpreende com as ofensas proferidas aos garis provavelmente não conhecia bem esse senhor. O desprezo por pobres, lixeiros e metalúrgicos vem de longe.
Pois bem. Agora o Brasil sabe. Suas opinioes não valem um tostão. Mas ainda tem gente que se arrisca a defendê-las.
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