segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O mistério das "Tapauéres"

Ontem, domingo dia dos pais, a gente andando pelas ruas da periferia, podíamos ver a movimentação das familias reunidas. O som ligado, os copos cheios, o churrasco correndo, a farofa, a salada crua, de maionese, arroz com galinha, as lasanhas, vatapas, maniçobas, feijoadas e pra fechar, o doce sabor dos cremes de cupuaçu, abacaxi, bacuri, pavês diversos, açai com tapioca.
Lá pelas 4 da tarde, todo mundo de bucho cheio ( que nessas alturas ninguém está "satisfeito"), triste, é hora dos filhos, genros e noras voltarem para suas respectivas casas. Na despedida, o indefectivel hábito de arrumar as vasilinhas com um pouquinho de cada comida devorada durante a reunião. Junta feijoada com uns pedaços de frango assado, bolo de chocolate com uma macarronada e assim vai, conforme o saldo das panelas.
Não se sabe de onde aparecem as "tapauéres". São tantas entre outras improvisadas com embalagens diversas, como as de sorvete Kibom, potinho de margarina e outras mais. Chegando em casa lava e guarda. Dai nova reunião e o ciclo reinicia. A vasilinha que eu já peguei da mamãe com tapioquinha, levei prá casa, e numa próxima situação, lá vai ela com mingau prá casa de outro ente querido e assim sucessivamente...

O enigma que fica é: Por quais caminhos andam, nessas alturas, esses tapperwares todos ?

Um comentário:

Cássio disse...

Postado no www.blogdogersonnogueira.wordpress.com no Dia dos Pais:


Amar é…
08/08/2010 · 1 comentário
Por Cássio Andrade

Quando criança, procurava aprender o que era amar, vendo os bonequinhos do “amar é…” com suas frases de efeito sobre o amor recheado por uma filosofia simples quase de auto-ajuda. Pareciam receitas na confeitaria do afeto.
Também fui ensinado a amar meus pais. Em minha infância, ainda se chegou a seguir a velha fórmula: papai no bolso, mamãe no coração. Quanta distância entre o bolso e o coração! À mãe, a ternura, o carinho, o afeto; ao pai, o trabalho, a autoridade, nenhum doce predileto. Minha geração precisou mudar esse receituário.
Ainda bem que aprendemos a amar nossos pais, como se não houvesse amanhã, da forma como alguém, já do outro lado, nos ajudou a amar as pessoas. Que país poderíamos nos tornar se continuássemos a amar do velho jeito?
Nesse dia dos pais, peço licença para, em nome do amor radical e sem fronteiras, render homenagem a meu filho. Na verdade, agradecê-lo por me fazer pai; por obrigar a revelar o rosto materno da paternidade.
Confesso que tentei projetar um caminho diferente a meu filho: jogar bola, levar ao campo, falar das minas, impor-lhe um clube para o qual torcer, essas coisas que usalmente fazem os pais aos filhos varões. A vida me fez abortar esse filho projetado e mudar o enredo dessa história. Ainda bem, pois aprendi a sair da óbvia condição de pai.
Pequenino, com meu filho fiz coisas que o monopólio das mães e avós não permitem ao pai. Troquei fraldas, limpei cocô, dei chuca e embalei na cadeira para fazer dormir. Até coloquei fio na testa para acabar com o soluço. Rompi os tabus da maternidade, às vezes sobre o desaprovo tácito da mãe. Ah, como é bom ser pai e mãe!
Obrigado, meu filho, por continuar a te amar sem condições. A continuar a vê-lo dormir com o rosto eterno da inocência. Diante das incertezas da juventude atual, tenho a feliz certeza de que sempre serás inocente, diante de um mundo mal, descrente e decadente; imundo mundo pós-moderno.
Amar é se tornar irmão, em sendo pai… Feliz dia com os filhos, nesse dia de pai!

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