quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"SEU" ZÉ DIAS E A SEMANA DA PÁTRIA

Estamos iniciando o mês de Setembro. Manhãs de esplendoroso céu azul e forte temperatura. Manhãs de uma década de 70 (século passado) e eu, lá na oficina da Pariquis, ouvindo os hinos e marchas daquele disco que todo ano tinha que se fazer ouvido. Era hino da Marinha ("Qual cisne branco que em noite de lua, vai navegando no mar azul.."), hino nacional, da bandeira, do exército, da independência e outros que não lembro mais os nomes...
Fui criado sob a empolgação do velho Zé Dias e de seu apoio incondicional aos militares no governo. Fui influenciado, como todo filho que se preza, pelas palavras de patriotismo e civismo que eram proferidas pelo nosso pai, sempre que iniciava-se o mês de Setembro. As mangas maduras balançando ao vento, davam àquele pedaçinho de Batista Campos um ar de feriado prolongado e a certeza de não pisar na escola tão cedo. Eu pedia autorização para ir até a Serzedelo Correa ver o desfile militar que acontecia iniciando na praça da República e entrava pela Gentil Bitencourt. Eu queria ser um piloto da Força Aérea. Eu via, empolgado, o desfile de toda a portentosa força nacional, guardiã de nossa pátria querida. Eu via a ordem, a execução dos passos cadenciados, ouvia o grito firme dos soldados, que encantava as garotas que também assistiam e davam gritinhos histéricos por cada soldado garboso... Eu queria a vida militar para mim. Acreditei que aquela era a melhor das profissões a ser seguida e que orgulharia o velho Zé Dias. Eu recordo que nessa época havia os vendedores de bandeirinhas do Brasil, do Pará, de cataventos coloridos, sorveteiros, pipoqueiros e outros ambulantes naquele tempo, disputando um troquinho naquele pedaço de B. Campos.
Voltava empolgado para a oficina e papai já devia ter rodado o mesmo disco pela centésima vez. As pessoas passavam na porta da oficina e elogiavam o gosto e atitude cívica do papai. Acho que elas não podiam criticar os militares mesmo.
Mas uma coisa que um dia me chamou a atenção num dos inúmeros desfiles que eu vi, foi a de um rapaz sendo arrastado por soldados. Os soldados com aqueles braceletes e capacetes brancos seguravam o adoleceste puxando um dos braços para trás arqueando sua coluna - devia tá doendo muito aquela posição - enquanto algumas pessoas gritavam que ele era um "subversivo". Não sei ao certo o que ele fez, eu não vi. Mas as coisas começavam a mudar um pouco em meus sonhos militares... Criança, não podia entender o que havia de errado naquela situação. Muito mais tarde as vendas caíram de meus olhos permitindo ver melhor o verdadeiro desfile.

4 comentários:

José Maria disse...

Eu me lembro que sempre eu fugia dos ensaios do Grupo Amazonas de figueiredo.Eu fazia que nem o Pernalonga. Enquanto o pessoal saia marchando eu ficava marcando o passo parado e andando prá trás. Fazia que ia amarrar o sapato e ia ficando. Hehehehe.

gabriel disse...

Não tive a mesma sorte, a primeira e única vez que marchei (fui obrigado a marchar) foi quando comecei a frequentar aquela escolhinha que tinha no centro comunitário da Caripunas, não fui em nenhum ensaio, mas quando chegou no dia para o meu azar, fui puxado pela professora para ir na frente da marcha segurando uma faixa, que azar!!! Tentei fugir dos ensaios e acabei indo parar na frnte de tudo.

Clara Amorim disse...

eu acho que no fundo o titio gostou de ter ido na frente , heheheh

jorge disse...

Ele era "bunitinho-bunitinho", daí que serviu de porta-faixa.